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MAIS EPIS DO QUE ÓDIOS
Os textos deste livro apontam para uma etapa mais madura e meditada na poética de seu autor.
Desde a capa, que abdica de ilustrações, esta obra aposta no poder da palavra: em sua materialidade e musicalidade, nas imagens que evoca e nos significados que propõe.
A propósito de significados: sim, este texto de contracapa foi escrito (assim como o da apresentação) pelo autor.
É meu eu teórico literário falando sobre meu eu lírico. Ambos se chamam Ivan Justen Santana e nasceram em Curitiba, em 1973. Apesar de meio que se estranharem mutuamente, os dois gostam do meu eu tradutor de poesia.
E esses três Ivans, nos episódios aqui reunidos, veem mais epis do que ódios. Entenda isso como quiser. O livro agora está em suas mãos.�
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Terceiros episódios
Ivan Justen Santana.
Curitiba
Editora Anticítera, 2025.
88 páginas
16X23 cm
ISBN 978-85-69199-44-1
Nesta travessia pela fragmentação, memória afetiva e invenção, meu amigo e parceiro Ivan reinaugura, revive e multiplica sua trajetória como poeta de grande talento, tradutor impecável e investigador das entranhas da linguagem.
É seu terceiro livro, após as 64 Peças e os Buquês de Limeriques, obras que deixam pétalas e perfumes por aqui. Estes Terceiros Episódios permeiam alegrias e adversidades, dividindo-se em seis partes.
Nas “Peças Soltas”, com a fragmentação como método, o livro brinca com a desconstrução de e dos sentidos, misturando referências a territórios, autores e legados. A intertextualidade fica explícita, por exemplo, no soneto à la Gregório de Matos Guerra, um mix de barroco, punk e ironia.
Ivan pilota uma nave inventiva e subversiva da tradição, trazendo assim sua renovação, em experimentos que partem das formas clássicas: sonetos, quadras, limeriques, e até uma terça-rima dantesca. Com o poema “Vogais Vagais”, trafica Rimbaud para falar de algoritmos. Ridiculariza a própria obsessão pelas rimas na seção seguinte, dos “Encaixes de Lego”. Depois homenageia com limeriques o jogo de xadrez, metáfora da vida e da morte.
� E após atravessar suas “Quadras”, encontramos o coração do livro, na seção dedicada ao irmão. Ivan dialoga com a ausência presente dele, apresentando o “Soneto da Felicidade”, de autoria do falecido Cid, e respondendo com um poema em que expõe sua alma:
O meu irmão enquanto inspiração
é tanto o que não fez e o que tentou…
A dor se transforma em versos que oscilam entre delicadeza e crueza; a solidão constrói perfeição em cada palavra; o riso e o ríspido se intercalam em cada ironia; o amor se eleva ao infinito, filtrado pela técnica e sensibilidade. E a vida plena volta por fim, junto aos amigos, que tanto o amam e admiram, e que nem neste livro o deixaram em paz, comparecendo nas “Três Parcerias Recobradas”.
Eis o poeta, a obra e você diante dela. E agora? Você cai dentro ou cai fora?
Antonio Thadeu Wojciechowski
Poeta, Professor e Compositor�
