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pestiados + Teatro dos Mortos

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O caos do porvir

Ainda há esperança em fazer arte? Ainda há esperança na humanidade? Levando em consideração o livro que você, leitor, tem em mãos, a resposta para a primeira pergunta é afirmativa. Agora levando em consideração a atual situação em que estamos afundados, a resposta para a segunda pergunta é negativa.
Claudecir de Oliveira Rocha, poeta, editor e pesquisador, é o que podemos chamar de niilista da modernidade. Um poeta (sim, poeta, e dos grandes, mesmo não gostando de ser reconhecido como tal) que agora com este Pestiados, provoca, cutuca, fere, chora, lamenta, mas também afaga.
A poética do caos que Claudecir explora através de seus poemas longos, versos de fôlego e ritmo frenético, funciona como uma espécie de Oráculo de Delfos às avessas, nos mostrando que o futuro é muito pior do que podemos imaginar. Nessa toada de terra devastada habitada por seres igualmente devastados, Claudecir divide Pestiados em Cantos, e cada Canto nos apresenta a progressão caótica da humanidade na iminência de sua própria ruína. “o cavaleiro-peste abria o selo, /retirando da jarra o medo e lança ao ar/o pó da peste que se espalha na mesa de vidro,/e a leveza das órbitas vidradas reviradas, /vislumbrando o caos do porvir/na ala dos desesperados,/o filho-possuído sopra as narinas de barro/e eis que a máquina da morte se abriu/para o desfile da danação”.
Em tempos de cancelamentos e de literatura com letra minúscula e epidérmica, a potência da poética de Claudecir de Oliveira Rocha não passará incólume. Pestiados não serve para tapinha nas costas, para ler com o intuito de passar o tempo e tampouco como manifesto; Pestiados vai muito além de manuais de circuitos literários para coaches mandrakes. Só pode-se afirmar o seguinte: conforme os cantos se sucedem, é porrada atrás de porrada e mesmo assim o leitor conseguirá sair desse labirinto com um sorriso no rosto. Não porque encontrou redenção, não, mas porque literatura de verdade nos retribui através da linguagem, e é isso que o poeta Claudecir de Oliveira Rocha nos entrega. Do começo ao fim.

Daniel Osiecki, escritor, professor e editor

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pestiados
Claudecir de Oliveira Rocha
Fotos da capa: Cristiane Nienkötter
Ilustração do verso da capa: Mario Mossa de Murtas
16X23 cm
116 páginas
ISBN 978-85-69199-47-2

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Há livros que sussurram. Outros gritam. Teatro dos Mortos rasga. Publicado em 2001 e 2004 de forma artenasal, livro ganha nova edição.
Cada poema deste volume é uma cena arrancada à carne do tempo, uma partitura escrita com sangue e ruína. O poeta não oferece consolo, não acena com redenção, não alimenta esperanças vãs — ele desce ao porão da linguagem do inferno e acende fósforos diante dos cadáveres que somos. O livro funciona como um tríptico necrológico da modernidade꞉ um inventário das ruínas do urbano, da subjetividade e da linguagem. E o poeta opera como um espectador embriagado do colapso, um flâneur entorpecido,
mas também como artífice da lucidez. A escrita é sismógrafa do desmoronamento social e simbólico — não como denúncia moral, mas como coreografia estética da falência, da morte. A cidade, o corpo e a palavra — três entidades exaustas — são os eixos alucinados desse teatro. No primeiro ato, vemos desfilar a decadência urbana꞉ ruas de concreto ferido, olhos de vidro, mendigos de sentido, neon‑fantasmas.
No segundo momento, o delírio íntimo꞉ o amor como vertigem, o erotismo como vício de abismo, o desejo como veneno alquímico, resumidamente꞉ loucuras poéticas. Por fim, no terceiro movimento, o palco desaba sobre o poeta꞉ tudo é ruína, tudo é caco, tudo é eco e morte. Ainda assim, a poesia canta. O poeta que tem horror a poesia, constrói sua obra como quem ergue um mausoléu — um espaço de luto, mas também de festa macabra. Há humor negro, delírio profético, imagens que se contorcem entre o grotesco e o sublime numa dicção que funde o grotesco ao místico, o existencial ao político, o ritual ao sarcasmo.
Sua poesia não busca metáforas꞉ ela as dilacera, queima com sadismo. E do carvão imagético que resta, extrai uma lírica feroz, profanadora, muitas vezes brutal, que transita entre o poema em prosa, a profecia alucinada e a sátira escatológica.
Ler este livro é como assistir a uma peça em que os personagens não têm salvação, principalmente o poeta e o público não tem saída. Resta apenas o gesto — violento, alucinado, lúcido — de dizer. De cantar, mesmo na boca do abismo. Teatro dos Mortos é isso꞉ uma liturgia da decomposição, uma tragédia sem catarse, um evangelho de vermes e vísceras onde, por um segundo que seja, a poesia ainda respira. E, acima de tudo, é um nada.

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Teatro dos Mortos
Claudecir de Oliveira Rocha
ISBN 978-85-69199-46-5
16X23 cm
244 páginas

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